A doença, maior ameaça à citricultura mundial, não tem cura e acarreta grandes prejuízos a produtores de frutas cítricas
(Belo Horizonte – 30/10/2019) Dentro dos pomares de frutas cítricas, o greening, ou Huanglongbing (HLB), é considerado a doença mais destrutiva e a maior ameaça à citricultura mundial. Também conhecida como “amarelão dos citros”, o greening faz com que uma árvore nova não produza ou com que uma árvore adulta, em fase produtiva, sofra perda ou queda precoce de frutos. Descoberto na Ásia há mais de 100 anos, a praga foi identificado no Brasil em 2004. No mesmo ano, o greening também foi encontrado no Triângulo mineiro e em pomares de Ponkan no Sul do estado. Por se tratar de uma doença que ainda não tem cura, manejo e prevenção são as melhores opções para que o produtor lide com a questão sem sofrer com os prejuízos.
O greening é uma doença causada por uma bactéria sistêmica que circula por todas as partas da planta cítrica, tanto copa quanto porta-enxerto. Por esse motivo, apenas a poda de galhos contaminados não é suficiente para resolver o problema. Além disso, o vetor que transmite a doença, o psilídeo Diaphorina citri, possui asas e sobrevoa diferentes pomares. De cor branca acinzentada e manchas pretas nas asas, o pequeno inseto de cerca de três milímetros dificulta o controle da praga, pois não basta que um único produtor tome as precauções necessárias. Para que o combate seja efetivo, é recomendado que ele seja feito de maneira conjunta com todos os citricultores de uma mesma região.
De acordo com dados do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), até hoje o greening foi detectado oficialmente em 58 municípios de Minas Gerais. Por esse motivo, atenção e prevenção são indicadas no combate à doença. Os sintomas do greening são encontrados na cor do fruto, que perde sua característica esverdeada e adquire tons amarelados; no formato, assimétrico em grande parte dos frutos contaminados; e no tamanho, geralmente menor se comparado aos frutos sadios.
Em Minas Gerais, a Empresa de Pesquisa Agropecuária (EPAMIG) está atenta à doença e colabora com estudos para diminuir as incidências da praga nos pomares das principais regiões citrícolas do estado. Segundo a pesquisadora da EPAMIG Sul, Ester Alice Ferreira, o manejo deve ser feito durante o ano todo para evitar que a doença se espalhe. Para a pesquisadora, o produtor precisa se atentar nos processos de aquisição de mudas sadias produzidas em telado, na inspeção contínua do pomar para identificação e erradicação de plantas contaminadas, e nas pulverizações para controle do inseto vetor, que deve intensificado em períodos quentes e chuvosos.
“O aumento da temperatura e precipitação, característicos desta época do ano, contribui para o aumento da população do psilídeo e também é nessa época que as condições climáticas favorecem a emissão de novas brotações que são mais atrativas ao inseto”, enfatiza Ester.
Ainda de acordo com a pesquisadora, o cuidado com a pulverização durante o período de floração, e consequentemente polinização para formação de frutos, deve ser redobrado. Ester alerta que a pulverização, quando feita de maneira incorreta, pode afetar outros insetos importantes para as plantas e para o meio ambiente. Exemplo disso são as abelhas, atuantes na polinização de pomares cítricos.
“Nesta época de floração da planta é imprescindível pulverizar nos horários em que não há agentes polinizadores. E é possível fazer a pulverização para o controle do psilídeo de maneira sustentável e ecologicamente correta”, afirma.
Nesse sentido, Ester destaca a existência de produtos biológicos ou bioinseticidas que também são eficientes no controle do psilídeo. Estes produtos têm como principio ativo o fungo Isaria fumosorosea que, por ser biológico, não danifica o meio ambiente.
A pesquisadora destaca, ainda, a existência de um predador do psilídeo, a Tamarixia radiata, indicada para pomares domésticos de chácaras, sítios e áreas urbanas. “A EPAMIG está no processo de implementação de uma biofábrica para criação em massa da Tamarixia e esperamos em breve noticiar que temos quantidade suficiente para iniciar a liberação nas áreas mais afetadas do nosso estado”, pontua Ester.