Mortalidade atinge 60% das plantas e compromete a extração e a comercialização do pequi, principal fonte de renda para mais de 15 mil famílias
(Belo Horizonte – 28/1/2021) O Governo de Minas liberou R$ 497,5 mil do Fundo Pró-Pequi para o desenvolvimento de pesquisas sobre o alto índice de mortalidade de pequizeiros, no Norte do estado. Em algumas regiões, a mortalidade alcança 60% das plantas, comprometendo a competitividade e a sustentabilidade do arranjo produtivo, que é estratégico para o sustento das famílias e a economia local.
O pequi é o principal produto florestal não madeireiro extraído do Cerrado. Com mais de 3 milhões de plantas produtivas, Minas Gerais responde por 70% da produção nacional do fruto. Em 2019, o volume estadual alcançou pouco mais de 203 mil toneladas.
A comercialização do pequi e seus produtos corresponde a uma parcela significativa do PIB de alguns municípios da região, envolvendo mais de 15 mil famílias extrativistas, que têm na atividade sua principal fonte de emprego e renda.
Um exemplo é o município de Japonvar, onde o extrativismo do pequi faz parte da cultura e da economia local. De acordo com levantamentos da Emater-MG, o município possui quase 2 mil catadores e mais de 160 mil pequizeiros, com a exploração de quase todas as árvores.
Fundo Pró-Pequi
Segundo o subsecretário de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Ricardo Peres Demicheli, o Programa Mineiro de Incentivo ao Cultivo, à Extração, ao Consumo, à Comercialização e à Transformação do Pequi e Demais Frutos e Produtos Nativos do Cerrado (Pró-Pequi) é uma das principais políticas públicas do Governo de Minas, voltada para a sustentabilidade das espécies nativas do Cerrado.
“O programa possui um fundo constituído pelos recursos arrecadados com a derrubada legal de pequizeiros que é direcionado aos projetos de assistência técnica, pesquisa e ao incentivo da cadeia extrativista. É um instrumento que incentiva o extrativismo, dentro de uma perspectiva de longo prazo e de sustentabilidade”, destaca o subsecretário Demicheli, que também é presidente do Conselho Pró-Pequi.
Pesquisas da EPAMIG
Coordenado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), o projeto “Causas bióticas e abióticas da mortalidade dos pequizeiros no Norte de Minas e estratégias de manejo, manutenção da diversidade e da qualidade” vai ser executado a partir deste ano, em parceria com a Emater-MG, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A pesquisadora e coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Fruticultura da EPAMIG, Maria Geralda Vilela, explica que o projeto de pesquisa aprovado pelo Conselho do Pró-Pequi é constituído de oito metas: levantamento e identificação de pragas e doenças do pequizeiro em condições naturais do Norte de Minas; o manejo da “Broca do Tronco”; identificação de clones superiores do ponto de vista agronômico, com a respectiva coleta, armazenamento e multiplicação de material propagativo; propagação e repovoamento de pequizeiros no campo; micro propagação, com o objetivo de aumentar a oferta de plantas para os coletadores e a quem deseja se dedicar à produção; plantio experimental em pequenas unidades em locais estratégicos; avaliação dos produtos processados pelas agroindústrias, visando garantir a segurança dos alimentos e difusão de tecnologias.
Na avaliação da pesquisadora Maria Geralda Vilela, o projeto está estruturado para identificar o problema e apresentar soluções ao produtor, ao mesmo tempo em que se analisa a possibilidade de repovoamento ou implantação de unidades produtivas, a manutenção da diversidade das plantas e o manejo da praga. “O pequi é uma planta protegida por lei, está em áreas igualmente protegidas, não sendo possível o uso de defensivos. “A EPAMIG e as instituições parceiras foram chamadas para dar uma resposta à questão da mortalidade das plantas, que é alta e rápida. Esse recurso vem subsidiar e fortalecer as ações de pesquisa na apresentação de respostas que atendam às demandas da cadeia produtiva”, afirma.
Fonte: Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assessoria de Comunicação.