Extração pode ser alternativa para olivicultores em período de entressafra
(Belo Horizonte – 20/10/2015) Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) estudam a extração de óleo fino de abacate pelo sistema de centrifugação,o mesmo utilizado no processamento do azeite de oliva, no Campo Experimental da Empresa em Maria da Fé, no Sul de Minas Gerais. A agroindústria do óleo de abacate apresenta boas perspectivas no Brasil, em função dos frutos de algumas variedades cultivadas como Wagner, Hass, Fuerte, Linda e Margarida, apresentarem quantidades consideráveis de lipídios, em média 20% de óleo na polpa úmida.
De acordo com o pesquisador da EPAMIG Adelson de Oliveira, que coordena estudos pioneiros do óleo de abacate, outro aspecto a ser considerado é a disponibilidade de matéria prima durante praticamente o ano todo, pois as variedades mais ricas em óleo têm um período de safra entre os meses de julho e novembro, enquanto que variedades com menos quantidade de óleo na polpa, em média 9% na polpa úmida, têm um período de safra entre os meses de janeiro e junho. No período da safra, geralmente, o preço do fruto no mercado interno atinge valores muito baixos em decorrência do volume produzido, o que sugere o uso do excedente na agroindústria.
Segundo Adelson, para a elaboração de óleo de abacate de alta qualidade é preciso observar fatores agronômicos que influenciam o resultado final, como a variedade, o manejo da cultura, a colheita, dentre outros. Estudos mostram que as variedades Hass e Fuerte são as que apresentam maior rendimento, podendo ser extraído até 26% de óleo. “O óleo obtido da variedade Breda também é interessante especialmente por apresentar um sabor ligeiramente picante”, informa. Adelson explica ainda que é importante, por exemplo, que o fruto apresente maturação concluída, fase em que concentra maior conteúdo de óleo, mas não pode estar muito maduro.
Para José Carlos Gonçalves, produtor de abacate há mais de 30 anos, investir na extração do óleo da “azeitona tropical”, como costuma chamar o abacate, é o caminho para alcançar o sucesso na comercialização. No ano passado, em parceria com a EPAMIG, ele realizou a extração de 100 litros de óleo de abacate para testar o maquinário. Atualmente, financia diversos estudos de Universidades. “O mercado brasileiro tem espaço para o consumo na alimentação de óleo de abacate de qualidade. Nos Estados Unidos é comum ver em supermercados a venda de óleo de abacate, do qual o consumo vem aumentando”, cometa. José Carlos conta irá utilizar equipamentos de fabricação nacional, incluindo o despolpador de frutos.
Benefícios para a saúde
A fruta é rica em minerais como ferro, cálcio e fósforo, fibras solúveis, fitoesteróis e lipídios (gordura). O consumo do abacate auxilia na redução dos níveis do colesterol ruim (LDL) e na elevação do colesterol bom (HDL), diminuindo o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, a vitamina E, um antioxidante natural, somada à vitamina A, torna o óleo um composto capaz de prevenir doenças oftalmológicas, como catarata e cegueira noturna.
O produto pode ainda favorecer o emagrecimento, pois auxilia na diminuição da absorção de colesterol pelo intestino. Mas, seu consumo deve ser controlado, pois é um alimento muito calórico.
“O óleo de abacate extraído pelo sistema de centrifugação possibilita um produto de altíssima qualidade, disponível imediatamente para o consumo, após padronização e embalagem para o mercado varejista”, afirma Adelson. Ele explica que além da possibilidade de introduzir o óleo de abacate puro, extra virgem, para uso comestível como substituto ao azeite de oliva, poderia ser utilizado também para obtenção do composto, óleo de abacate e azeite de oliva, em substituição às misturas realizadas com outros óleos vegetais, principalmente óleo de soja.