A produção do feijão nosso de cada dia pode ficar mais barata. Resultados de pesquisas desenvolvidas pelo Laboratório de Biologia, Microbiologia e Processos Biológicos do Solo (LBMPBS) da Universidade Federal de Lavras (Ufla) em parceria com a Empresa de PesquisasAgropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Grupo de Pesquisa em Inoculação de Leguminosas (Inoleg), produtores rurais, entre outras instituições, demonstram que o processo de inoculação na cultura do feijoeiro aumenta a produtividade de grãos e reduz os custos de produção devido à diminuição do uso de fertilizantes nitrogenados. O estudo também contribui com o meio ambiente, por diminuir riscos associados ao emprego e manejo indevidos de fertilizantes.
O pesquisador da EPAMIG Fábio Aurélio Dias Martins explica que o feijão é uma leguminosa que apresenta capacidade de estabelecer simbiose com bactérias que fixam nitrogênio da atmosfera (N2), as quais fornecem todo ou parte do nitrogênio requerido pela planta para seu desenvolvimento. “Apesar de essas bactérias habitarem naturalmente os solos, estirpes selecionadas quanto à eficiência superior podem ser introduzidas por meio da inoculação nas sementes ou no sulco de semeadura”. Em regiões de cultivo tradicional de feijão, como no Alto Paranaíba, inoculantes estão disponíveis no mercado de produtos agropecuários, geralmente por encomenda. Porém, nem todos os produtores têm conhecimento da disponibilidade e dos benefícios dessa biotecnologia.
De acordo com o pesquisador, o grupo de pesquisa do LBMPBS está investindo na seleção de estirpes de bactérias eficientes na simbiose e mais adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas, bem como na verificação da compatibilidade desses microrganismos com outros insumos aplicados nas sementes, tais como pesticidas, micronutrientes e outros microrganismos. Novas tecnologias de aplicação, que estimulam à adoção de inoculantes rizobianos no campo, também têm sido foco dos trabalhos da equipe.
Para isso, foram implantados ensaios no Alto Paranaíba – Campo Experimental de Sertãozinho da EPAMIG Oeste, em Patos de Minas, no Triângulo Mineiro – Instituto Federal do Triângulo Mineiro, em Uberaba, no Norte de Minas – Universidade Estadual de Montes Claros (Campus de Janaúba) e Campo Experimental da EPAMIG de Jaíba, no Sul de Minas – Campo Experimental da EPAMIG, em Lambari e Fazenda Experimental da Universidade do Vale do Rio Verde (Unincor), em Três Corações. “Esperamos que os resultados confirmem a contribuição da inoculação no feijoeiro”, comenta Martins.
Para que as informações de resultados desse trabalho sejam difundidas entre pesquisadores, estudantes, extensionistas, técnicos agrícolas e produtores de feijão, os pesquisadores e equipe envolvida farão uma reunião técnica no IFTM em Uberaba, no próximo dia 15. Para o pesquisador, será uma oportunidade de apresentar o manejo da inoculação, discutir o tema do ponto de vista teórico e apresentar muitos resultados já obtidos.
Participam da pesquisa os pesquisadores e colaboradores: Fábio Aurélio Dias Martins (EPAMIG Sul), Délio Borges Godinho (EPAMIG Oeste), João Batista Ribeiro Reis e Otacílio Gomes Filho (EPAMIG Jaíba), Dâmiany Pádua Oliveira, Márcia Rufini, Messias José Bastos de Andrade, Fatima Maria de Souza Moreira (UFLA), Abner de Carvalho e Ramiro (Unincor), Márcio Santana (IFTM).