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Fita de Pesagem para Gir Leiteiro

Fita de Pesagem para Gir Leiteiro

No dia a dia das fazendas leiteiras, monitorar corretamente o peso dos animais é essencial para garantir uma boa produtividade e saúde do rebanho. Porém, sabemos que manter balanças tradicionais em todos os setores da propriedade pode ser caro e complicado.

Pensando nisso, o aluno de doutorado da Universidade Federal de Viçosa, Paulo Sergio Dornelas Silva, iniciou uma investigação com dados da raça Gir Leiteiro.

Por que usar a fita específica para Gir Leiteiro?

 

– Praticidade: Mede rapidamente o peso dos animais através da medida simples do perímetro torácico.

– Acurácia: Desenvolvida especificamente para as características corporais da raça Gir, garantindo dados mais precisos.

– Economia: Evita gastos elevados com equipamentos complexos, permitindo um manejo mais eficiente e econômico.

Fonte: Adaptado de Atevaldo Novais

Sem o monitoramento correto do peso, a propriedade pode enfrentar:

– Erros nutricionais, levando a dietas inadequadas e perda de desempenho dos animais.

– Problemas com super ou subdosagem de medicamentos e hormônios.

– Dificuldade em avaliar corretamente o ganho médio diário (GMD), fundamental para ajustes de manejo e estratégias reprodutivas.

A comparação entre o peso corporal real dos animais Gir Leiteiro e as estimativas geradas por fitas de pesagem genéricas foram apresentados no IX Simpósio de Pecuária Leiteira – SIMLEITE 2023. Há erros sistemáticos nos extremos da curva de peso. Isso significa que os bezerros muito leves (menos de 100 kg) e as novilhas mais pesadas (acima de 400 kg) são justamente os mais afetados por sub ou superestimativas (Figura 1). Por outro lado, a acurácia das fitas genéricas se mostrou melhor em animais de peso corporal intermediário.

A Figura 1 ilustra claramente essa limitação das fitas genéricas: mesmo com boa correlação geral, os pontos se afastam da linha de referência principalmente nas extremidades, indicando maior imprecisão justamente onde decisões zootécnicas são mais críticas. Diferente dessas fitas, que foram feitas para outras raças e podem trazer erros, a fita para Gir Leiteiro foi criada com base em dados reais de fêmeas da raça Gir em diferentes fases de crescimento

Na Figura 2, percebe-se que os pontos do gráfico ficam bem próximos da linha de tendência (linha vermelha), mesmo em animais muito leves ou muito pesados algo que as fitas genéricas geralmente erram. Isso mostra que o modelo tem uma acurácia muito boa, ou seja, estima o peso real com bastante confiança. Com esse modelo, o produtor tem uma ferramenta mais segura para tomar decisões no dia a dia: ajustar a dieta, dar a dose certa de remédio e até definir o melhor momento para cobrir ou vender o animal.

 

Figura 1. Comparação entre pesos observados em balança e pesos estimados por fitas genéricas de raças grandes (vermelho), médias (preto) e pequenas (azul), em fêmeas Gir Leiteiro. Nota-se maior precisão nas fitas de raças grandes e maiores erros nas fitas de raças pequenas. Essa figura é a base da discussão sobre os erros nos extremos de peso corporal citados anteriormente no texto. Adaptado de Silva et al. (2023).

Figura 2. Curva ajustada de predição de peso corporal (BW) a partir do perímetro torácico (PT) em fêmeas da raça Gir Leiteiro. Os pontos pretos representam dados reais, a linha vermelha representa o ajuste do modelo e a área azul, o intervalo de confiança. Essa figura demonstra o impacto da acurácia da equação ajustada especificamente para a raça Gir Leiteiro, evidenciando o bom ajuste entre valores observados e preditos mesmo em faixas extremas de peso.

 

Este trabalho nasceu durante a graduação de Paulo Sergio Dornelas Silva no IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba, sob orientação do professor Cristiano Gonzaga Jayme, onde surgiram as primeiras ideias e coletas com fêmeas Gir Leiteiro. No doutorado pela Universidade Federal de Viçosa, o projeto ganhou continuidade e robustez com o apoio do professor Marcos Inácio Marcondes, atualmente no Miner Institute (EUA). Durante o SIMLEITE 2023, Paulo apresentou os primeiros resultados à pesquisadora Edilane Aparecida da Silva, da EPAMIG – Campo Experimental Getúlio Vargas, iniciando uma parceria que ampliou o banco de dados e viabilizou a modelagem estatística da equação de predição. Os dados utilizados foram coletados em quatro propriedades leiteiras de Minas Gerais: Fazenda Brasília (São Pedro dos Ferros), Fazenda Meu Sonho (Mercês), Fazenda Cachoeira da Esperança, das Fazendas do Basa (Cataguases), e a Unidade Experimental da EPAMIG (Uberaba). A participação integrada de todas essas instituições, IF Sudeste MG, UFV, EPAMIG e Miner Institute, representadas por seus respectivos pesquisadores, demonstra a força da colaboração entre ensino técnico, pesquisa científica e inovação prática voltada ao produtor rural.

 

Referência:

Silva, P. S. D., Souza, J. P., Ribeiro, M. H. S., Neto, M. C. P. C., Jayme, C. G., & Marcondes, M. I. (2023). Comparison of body weight obtained through the thoracic weighing tape with weighting mechanic scale in Dairy Gyr animals. IX Simpósio de Pecuária Leiteira – SIMLEITE 2023. Universidade Federal de Viçosa. Disponível em: https://simleite.com.br/ix-simleite/

 

Agradecimentos aos colaboradores

Além disso, contamos com o apoio fundamental de colegas e profissionais que estiveram ao lado em diversos momentos da pesquisa, da coleta de dados em campo à escrita e discussão dos resultados, tornando possível a consolidação dessa ferramenta prática e inovadora.

 

Autores e coordenadores do projeto:

– Paulo Sergio Dornelas Silva (UFV)

– Cristiano Gonzaga Jayme (IF Sudeste MG; @connect_horse)

– Marcos Inácio Marcondes (Miner Institute; @marcondeslab)

– Edilane Aparecida da Silva (EPAMIG)

 

Colaboradores:

– Ângelo Arcanjo

– Bhremer Pereira Mendes (@bhremer_pereira)

– Bruna Pires

– Eduardo Vasconcelos

– Jardeson de Souza Pinheiro

– Mateus Ribeiro (@vacasehomens)

– Murillo Cezar

– Tadeu Silva (University of Vermont)

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