Evento chega à quinta edição consolidando a discussão por políticas públicas e equidade
(Três Pontas – 29/5/2025) – A programação da Expocafé 2025 abriu espaço para as cafeicultoras, nesta quinta-feira, 29 de maio. Organizada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em parceria com a Cocatrel, a 5a. Expocafé Mulheres trouxe o tema: “Mulheres no Café: sustentabilidade, empreendedorismo, políticas públicas e novas perspectivas”.
“Estamos vivenciando a consolidação deste evento que surgiu para ser um espaço de diálogo entre as cafeicultoras, na busca por soluções e novos caminhos”, reflete a chefe de Pesquisa da EPAMIG Sul, Vânia Silva (foto), que acrescenta: “Nosso objetivo é mostrar o trabalho e o protagonismo das mulheres na cafeicultura, com base na equidade de gêneros”.
Natural de Viçosa (MG), Valéria Vidigal é cafeicultora premiada na região de Vitória da Conquista (BA) e também artista plástica. Convidada a participar da Expocafé Mulheres, compartilhou um pouco de sua experiência na palestra “Café com Arte no mundo do agronegócio”.
O eixo principal desta edição da Expocafé Mulheres “Sustentabilidade, empreendedorismo, políticas públicas e novas perspectivas”, foi tema de um painel mediado pela pesquisadora da EPAMIG Vanessa Figueiredo e pela representante da Cocatrel Thamiris Bandoni, com a participação de quatro debatedoras, sendo duas produtoras e duas pesquisadoras.
Cafeicultora e gestora do Instituto Fazenda Cachoeira, Miriam Paiva Aguiar, falou sobre a experiência pioneira na produção de cafés especiais e cafeicultura regenerativa. “Os cafés especiais são um legado do meu pai, que antes da nomenclatura, já se preocupava com os cuidados com a terra e como isso interfere na qualidade da bebida”. A propriedade, no município de Santo Antônio do Amparo, também desenvolve projetos de turismo rural.
A carioca Paula Dias contou como se deu a transição da área de comércio exterior para a cafeicultura e o empreendedorismo. “Na infância sempre quis morar na Fazenda dos meus avós, vir para Minas. Quando conheci meu marido, ele estava assumindo a propriedade do pai. No princípio, eu ajudava de longe, e em 2014, mergulhei de cabeça”.
Paula, que hoje se apresenta como ‘mulher do agro’, diz que o começo não foi fácil e que precisou rever conceitos ao longo dos anos. “Hoje negocio meu café dentro dos princípios nos quais acredito, escolho para quem vendo”. A Grandpa Joel’s Coffee se dedica também ao turismo rural, e à produção de mel e baunilha.
As pesquisadoras Helena Alves (Embrapa Café) e Danielle Baliza (Instituto Federal Sudeste MG) falaram sobre as políticas públicas para mulheres no café e os desafios para a equidade.
“A Expocafé Mulheres surgiu com o intuito de ser esse espaço de conexão, de abertura para novas ideias e experiências. A equidade é o quinto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil e, ainda é algo distante. Evoluímos e temos muito a crescer”, destacou Helena, que apresentou dados do Censo Agropecuário e algumas ações governamentais em benefício das mulheres no agronegócio.
“Desde o Brasil Colônia, as mulheres lidam na produção do café, muitas vezes sem remuneração ou nenhum direito. Apenas 7% dos associados a cooperativas rurais são mulheres. Nosso desafio é traçar a rota para atingirmos a meta dos 50% da agenda 2030. Temos que conhecer mais, mapear o que existe, o que falta e o que queremos e lutar por isso”, finalizou Helena Alves.
O 8o. Encontro Mineiro de Cafeicultoras, em parceria com a Wofse Produções, encerrou a Expocafé Mulheres com quatro palestras e a entrega das premiações “Mulher Inspiração da Cafeicultura do Brasil e Agro Mulher Brasil 2025”.