
Pesquisas impulsionam avanços e buscam minimizar os impactos da bienalidade e das mudanças climáticas na olivicultura.
(Maria da Fé, 04/02/2025) – O ano de 2024 marcou um ciclo importante para a olivicultura brasileira, com premiações que destacaram a qualidade dos azeites nacionais e uma produção expressiva na Serra da Mantiqueira. Agora, com o início de um novo período de colheita, surge a pergunta: o que esperar da safra de 2025?
No Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em Maria da Fé, a colheita já começou, acompanhada por pesquisas que buscam garantir a excelência dos azeites produzidos.
Pioneira na extração de azeite extravirgem no Brasil, a EPAMIG acompanha de perto o comportamento da produção ao longo dos anos.
Safra de 2025

Um fator determinante para a variação na produção é a bienalidade, fenômeno característico de culturas perenes, como o café e a oliveira, que alternam anos de alta e baixa produtividade.
Segundo Pedro Moura, coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da EPAMIG, essa oscilação, somada a condições climáticas adversas, deve impactar a safra deste ano.
“Em conjunto com a Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), estimamos que a produção na região Sudeste em 2025 fique entre 40% e 50% do volume registrado no ano passado, quando foram extraídos cerca de 150 mil litros de azeite. Com isso, devemos ter entre 60 e 75 mil litros este ano”, explica.
O pesquisador destaca que as temperaturas elevadas e o período prolongado de estiagem no último inverno prejudicaram a indução floral e o pegamento dos frutos. Da mesma forma, quando se tem frentes frias, com alta umidade durante a florada, a polinização e a produção também são afetadas.
Pesquisa e inovação
Atualmente, a EPAMIG coordena 11 projetos de pesquisa focados em diversos aspectos da cultura da oliveira, incluindo controle de doenças, nutrição mineral, parâmetros fisiológicos, polinização e melhoramento genético. Além disso, participa de outros quatro projetos em parceria com outras instituições públicas, totalizando investimentos de R$ 18,3 milhões.
“Nosso objetivo é desenvolver cultivares mais adaptadas às mudanças climáticas. Estamos conduzindo diversos estudos que, nos próximos três a quatro anos, começarão a gerar resultados concretos para os produtores”, afirma Pedro Moura.
Azeitech 2025: conhecimento e tecnologia para o setor
A EPAMIG irá realizar o Azeitech 2025, evento gratuito marcado para o dia 21 de fevereiro, no Campo Experimental de Maria da Fé. A programação tem como tema central “práticas agrícolas sustentáveis e agricultura regenerativa”.
Durante o evento, será apresentada a Câmara Técnica Setorial da Olivicultura de Minas Gerais, que visa estruturar políticas públicas para o fortalecimento do setor no estado.
Segundo Moacir Nascimento, presidente da Assoolive e coordenador da Câmara Técnica, o trabalho conjunto com a EPAMIG tem sido fundamental para o crescimento da atividade no Brasil.
“A olivicultura está se expandindo para além da Mantiqueira, e isso torna essencial o investimento em pesquisa, especialmente no desenvolvimento de variedades adaptadas a diferentes condições climáticas. A Câmara Técnica irá fortalecer essa missão e levar discussões sobre o tema para eventos como o Azeitech”, ressalta.
Mais informações sobre o evento podem ser acessadas em: https://www.azeitech.com.br