Medidas têm sido testadas em rebanhos experimentais da EPAMIG, da UFMG e junto a produtores selecionados
(Belo Horizonte – 8/1/2025) A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) trabalha no desenvolvimento de estratégias para diminuir os prejuízos causados por carrapatos e outros parasitos na pecuária bovina. O assunto foi tema de palestra do pesquisador Daniel Sobreira Rodrigues no Congresso Panamericano de Medicina Veterinária, no mês de dezembro, em Montevidéu, no Uruguai.
As medidas adotadas incluem, além das recomendações relacionadas aos tratamentos convencionais, o descanso de pastagens e o confinamento do rebanho durante o período de suplementação de volumoso, que ocorre entre os meses de maio e novembro.
“Os impactos dessa ação sobre a carga parasitária e a qualidade da pastagem, estão sendo avaliados com o objetivo de contribuir para o estabelecimento da relação benefício x custo. O experimento em questão está sendo conduzido no Campo Experimental Risoleta Neves, em São João Del Rei”, informa o pesquisador.
Os trabalhos para controle do carrapato e dos agentes causadores da Tristeza Parasitária Bovina – TPB, em sistemas de produção de leite, são desenvolvidos no Campo Experimental Santa Rita da EPAMIG, em Prudente de Morais. As estratégias vêm sendo testadas em rebanhos experimentais da Empresa, da Escola de Veterinária da UFMG e em propriedades particulares assistidas pela Emater-MG, em parceria com a EPAMIG.
O pesquisador Daniel Sobreira ressalta que os danos causados por esses parasitos vão além do incômodo que provocam. “Os principais prejuízos estão relacionados à espoliação sanguínea, ao processo inflamatório decorrente da picada e à inoculação de saliva, que possui diversas substâncias ativas, inclusive toxinas. Os animais podem apresentar anemia, imunossupressão, falta de apetite e redução dos índices produtivos, como ganho de peso, produção de leite e eficiência reprodutiva”, destaca.
Monitoramento
Minas Gerais conta com 216,5 mil produtores de leite (2017) que respondem por quase 30% da produção do Brasil (2023), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e possui um clima bastante favorável à biologia do carrapato.
“Na nossa região, entre o final do verão e o início do inverno, normalmente são observadas as maiores infestações por carrapatos em bovinos. Portanto, é necessário evitar que isso aconteça, atuando quando são observadas baixas infestações, geralmente no período da primavera”, alerta Daniel Sobreira.
O pesquisador explica que, embora existam especificidades regionais que interferem nas infestações de parasitos, também existem aspectos comuns: “Por exemplo, a velocidade com que as populações de carrapatos desenvolvem resistência aos produtos carrapaticidas e a dificuldade enfrentada pelos produtores em implantar e manter programas de controle eficientes”.
E alerta para o controle das taxas de circulação dos agentes causadores da Tristeza Parasitária Bovina. “Grande parte da dificuldade está relacionada à necessidade de manter a carga parasitária de carrapatos dentro de um nível que seja suficiente para manter o rebanho imunizado contra os agentes da TPB, sem gerar grandes prejuízos à saúde/bem-estar e ao desempenho dos animais”.
Para um diagnóstico de situação preciso, recomenda-se acompanhamento especializado. “Muitos fatores interferem na dinâmica populacional e no perfil de susceptibilidade das populações de carrapatos em diferentes propriedades. A situação demanda monitoramento contínuo, também para a TPB, nesse caso, por meio de avaliações clínicas e testes de diagnóstico, para orientar a condução de tratamentos em tempo hábil”, finaliza Daniel.