Evento discutiu possibilidades de cooperação entre instituições brasileiras e suíças nos setores lácteo e de agrobiodiversidade
(Belo Horizonte – 20/11/2019) A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) participou do AgriTech Experiences 2019 na última segunda-feira (18) e terça-feira (19), em Belo Horizonte. O evento, uma parceria entre a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede) e a Rede Swissnex Brazil (Suíça-Brasil), discutiu possibilidades de cooperação tecnológica entre instituições brasileiras e suíças nos setores lácteo e de agrobiodiversidade para o manejo de pragas e doenças.
O Brasil é um dos maiores produtores de grãos do mundo e um dos principais atores do agronegócio internacional. A Suíça, por sua vez, apresenta produção agrícola pequena, mas com tecnologias avançadas e inovações já aplicadas no campo. Segundo o gerente de Projetos e Relações Acadêmicas da Swissnex Brasil, Pedro Capra, a ideia do AgriTech Experiences, ao aproximar duas culturas tão diferentes, foi permitir que cada país apresentasse suas inovações a fim de facilitar parcerias entre instituições brasileiras e suíças.
No primeiro dia de AgriTech, o público discutiu inovações para a produção de queijos e outros produtos derivados do leite. Assim como a Suíça, país que possui excelência na produção de produtos lácteos, o Brasil, sobretudo Minas Gerais, também se destaca por ótimos produtos, mas carece de inovações no setor.
O pesquisador da EPAMIG, Junio de Paula, mostrou como a empresa trabalha para gerar tecnologias de produção de queijos artesanais de leite cru. O destaque do dia ficou com a percepção de que é preciso aprimorar os modos de construção das marcas no mercado, tão importante quanto a própria qualidade dos produtos. Para Pedro Capra, o queijo já tem a “cara” de Minas. O que falta são estratégias de marketing para tornar os queijos Minas artesanais cada vez mais parte da identidade do estado.
“Minas tem um produto de extrema qualidade. Assim como o queijo furado nos remete a Suíça, o queijo artesanal precisa ser instantaneamente associado a Minas Gerais. É para essa direção que caminhamos, a construção de um ‘branding’ de queijos de excelência no Brasil. A nossa ideia é que haja não apenas uma cooperação na área de produção, mas também nos processos de marketing capazes de transformar um produto na cara de um local”, afirma Pedro.
O segundo dia de evento abordou estratégias alternativas para o manejo de pragas e doenças. Thainná Waldburger, que veio ao Brasil para representar a Agroscope, secretaria do governo suíço que estuda a área agrícola e dá suporte para as tomadas de decisões do país europeu, destacou que no próximo ano os suíços votarão sobre a proibição total de pesticidas. Dessa forma, tecnologias sustentáveis para o controle de pragas na agricultura serão cada vez mais requisitadas.
“A pressão para a aprovação da lei que bane o uso de pesticidas na agricultura suíça é muito grande. Diante desse cenário, o controle biológico de pragas será cada vez mais requisitado. Estarei em reunião nas próximas semanas para conhecer alguns possíveis parceiros e pesquisadores”, declarou Thainná.
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O diretor de Operação Tecnológicas da EPAMIG, Trazilbo de Paula, deu uma palestra sobre controle biológico e afirmou que a empresa possui interesse em estreitar relações e firmar parcerias com a Agroscope. A pesquisadora da EPAMIG, Madelaine Venzon, também proferiu palestra no evento e declarou que parcerias como essas são promissoras.
Engana-se quem pensa que a primeira edição do AgriTech reuniu apenas representantes de instituições públicas e privadas. O jovem universitário, Bernardo Parolini, compareceu aos dois dias de evento para adquirir conhecimentos e aplicá-los na AgroVision, startup que utiliza drones para mapear e auxiliar o produtor no controle de pragas e doenças no campo.
Para Bernardo, o interesse por trabalhar com tecnologia no agronegócio é uma junção de experiências em Araxá, sua cidade de origem no interior de Minas, e as novas tecnologias cada vez mais envoltas ao cotidiano dos jovens. “Nós, jovens, temos muito para contribuir também na agricultura e na agropecuária. O futuro é cada vez mais tecnológico e estamos prontos para fazer a diferença” afirma.
Diante do sucesso da primeira edição do AgriTech Experiences, o desejo é repetir o formato no próximo ano. De acordo com Pedro Capra, a ideia é utilizar os pontos mais discutidos na edição de 2019 como primeiro passo para planejar a edição de 2020. “Tomara que seja possível e que todas as instituições envolvidas tenham interesse em dar continuidade ao evento”, concluiu.
A EPAMIG é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).