Pesquisadora da EPAMIG alerta para os tratos culturais nesta etapa
(Belo Horizonte – 26/2/2025) Dentre as diferentes fases de evolução da lavoura cafeeira, a granação é fundamental para garantir a qualidade do produto final. O estágio, que acontece entre os meses de janeiro e abril, tem seu pico cerca de 150 dias após a florada dos cafezais, é caracterizado pela formação e desenvolvimento dos frutos.
“É o famoso enchimento dos grãos”, explica a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) Vanessa Figueiredo, que acrescenta: “Durante a granação, a planta realiza uma série de processos metabólicos, enviando os nutrientes que irão formar o grão, garantindo sua qualidade final e um maior rendimento da lavoura”.
O bom desenvolvimento dos frutos nesta fase resulta em grãos mais uniformes, de tamanho adequado e com maior teor de açúcares, fatores essenciais para a obtenção de um café de alta qualidade. Vanessa Figueiredo destaca a importância da adoção dos tratos culturais e da nutrição pelos produtores no período.
“Os grãos exigem uma grande quantidade de nutrientes e carboidratos. O não fornecimento vai resultar em um desgaste para planta, já que os frutos acumulam grande parte da energia produzida. Uma boa nutrição auxilia no desenvolvimento saudável, em um bom enchimento dos grãos, frutos mais vigorosos e menor estresse da planta”.
As adubações e as pulverizações foliares também são determinantes na fase de granação. Outro ponto de atenção é o clima. “Nesta fase é de extrema importância um bom acumulado de chuvas, bem distribuídas. Quem tiver irrigação, deve manejá-la conforme necessidade da cultura e temperaturas mais amenas”, orienta a pesquisadora.
“A planta usa a umidade do solo para absorver e transportar os nutrientes para o grão. Caso ocorra um manejo inadequado de irrigação ou a falta de chuvas, o enchimento dos grãos tende a ser prejudicado. Esses estresses causam perdas no rendimento, maior percentual de frutos chochos, má formação dos grãos, mais defeitos, além de prejudicarem o ciclo de maturação”, prossegue.
As temperaturas elevadas prejudicam a fotossíntese do cafeeiro, que terá que consumir parte dos carboidratos que iriam para o grão na respiração e manutenção da planta.
“Os picos de temperaturas, que temos enfrentado, podem afetar a formação dos frutos e fazer com que a planta desacelere os processos metabólicos, entrando em uma espécie de dormência, o que leva a um menor enchimento dos grãos”, alerta Vanessa Figueiredo.