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Polo nacional do azeite

Polo nacional do azeite

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Azeites  de qualidade produzidos com tecnologias desenvolvidas pela EPAMIG. Foto Samantha Mapa – EPAMIG

Mantiqueira é pioneira na extração de azeites de qualidade e fabricação de produtos derivados

(Maria da Fé – 17.03.16) Primeira região a produzir azeite extravirgem brasileiro,  os Contrafortes da Mantiqueira, tem conquistado o mercado gourmet com produto fresco e artesanal, agora inova com os derivados da oliva.

Atualmente, são mais de 15 marcas de azeites produzidos com a tecnologia desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), que há mais de 40 anos estuda a olivicultura na região. Em 2015, foram extraídos 25 mil litros de azeites provenientes de uma área de cultivo de cerca de 1.700 hectares. Produtos à base do óleo como cosméticos e doces e de resíduos da extração como sabonetes, adubos e esculturas também ganharam espaço na economia da região.

“Estudos apontam que dependendo do sistema de extração do azeite de oliva, o bagaço da azeitona pode conter cerca de 55% de umidade e ainda 3% de azeite de oliva, portanto, seu reaproveitamento é recomendável especialmente para esgotar o azeite nele contido”, explica o pesquisador da EPAMIG Adelson de Oliveira.

A farmacêutica Vânia Gonçalves criou uma linha de sabonetes hidratantes e esfoliantes fabricados artesanalmente, a partir da reutilização da azeitona processada no Campo Experimental da EPAMIG em Maria da Fé. “Os sabonetes são aromatizados com óleos essenciais e essências naturais. Não contêm conservantes, possuem ação antioxidante e são biodegradáveis”, afirma a farmacêutica. Tudo começou quando Vânia desenvolveu as primeiras fórmulas de uma linha que utiliza como princípio ativo o azeite, pertencente hoje à marca de cosméticos Maria Oliva.

2892- sabonete artesanal com resíduo da extração de azeite de oliva feita em Maria da Fé - Foto Samantha Mapa- EPAMIG

Marcelo Bonifácio, empresário do setor agrícola, conta que há um ano iniciou-se nessa atividade, após adquirir a Fazenda Maria da Fé, que já tinha um olival formado. “Desde a compra da fazenda tínhamos planos da extração em nossa propriedade. Vimos que o negócio é viável e, então, decidimos investir na importação da máquina italiana. É um projeto com resultados para os próximos dez anos”, conta.

Este ano foi realizada a primeira extração de azeite de oliva no lagar da Fazenda Maria da Fé. O azeite é utilizado também na cura do queijo artesanal fabricado na Fazenda. “Adaptamos à receita desse tradicional produto dos mineiros o nosso azeite que é de baixa acidez”, conta Mirta Bonifácio, também proprietária da Fazenda.

Lá, o resíduo gerado na extração do óleo, água  e bagaço da azeitona, é reaproveitado como composto orgânico e utilizado na adubação do próprio olival, além de compor vasos de macro bonsai da oliveira.

Expansão

Há onze anos ocorre tradicional encontro de olivicultores no Campo Experimental da EPAMIG em Maria da Fé, que reúne técnicos e olivicultores para discussão de desafios e perspectivas do setor. Desde a primeira extração do azeite extravirgem nacional, em 2008, o evento atrai também interessados em iniciar-se na atividade que é fomentada pela EPAMIG e Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), que surgiu juntamente com a produção em escala comercial desse produto.

É o caso do engenheiro mecânico Haldane Reis de Castro, que este ano participou pela primeira vez do evento, realizado no dia 11 de março,  com o intuito de conhecer mais sobre a cultura. Ele adquiriu mudas de variedades de oliveiras para teste em sua propriedade em São Tiago. “Um amigo me trouxe de Portugal um  azeite que me remeteu a um sabor de  infância. Fiquei entusiasmado com a ideia de produzir azeite com esse sabor diferenciado” relembra. A propriedade do engenheiro está em altitude superior a 1.000 metros e segundo ele, a região tem temperatura que deve favorecer a frutificação da azeitona. “Se tudo der certo, pretendo desenhar uma máquina extratora”, planeja.

No encontro deste ano, o pesquisador Adelson de Oliveira apresentou ainda alternativa aos olivicultores, a extração do óleo de abacate, que pode ser feita no período de entressafra da oliveira. “Temos abacate praticamente o ano todo, pois as variedades mais ricas em azeite têm um período de safra entre os meses de julho e novembro, enquanto que variedades com menos quantidade na polpa úmida, em média 9%, têm um período de safra entre os meses de janeiro e junho”, considera.

Mercado gourmet

Os azeites produzidos nos Contrafortes da Mantiqueira, que engloba municípios dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, conquistaram o gosto de chefs e apreciadores. Hoje é possível encontrar diversas marcas desses produtos em restaurantes e empórios de São Paulo e Belo Horizonte e nos principais municípios produtores.

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